Wednesday 19 March 2008

My world is upside down


Estava no quarto, a arrumar umas roupas, quando ouvi uns "bateres" na janela. Assustei-me. Escutei com mais atenção e percebi, então, que alguém estava a lavar as janelas do nosso quarto por fora!

Quis correr os cortinados e ver como faziam, fotografar até, e colocar aqui no blog, mas não o fiz, porque não sabia como seria esta atitude entendida culturalmente pelas pessoas que estavam a trabalhar. Espreitei um pouco, dei um sorriso e fui embora.

Tenho o mundo ao contrário...:

Já não tenho janelas, tenho janelões...
Também não tenho estores e sim cortinados opacos...
Para limpar os vidros, subo para o parapeito...
Nao limpo os vidros por fora; sou surpreendida pelos "batuques" da empresa limpa-vidros...

Outros locais onde sinto que tenho o mundo ao contrário é no mercado e no supermercado.
Peixe fresco, apanhado na noite anterior, nunca nos aconteceu! Os barcos vão para o mar, ficam lá 15 dias e regressam. É preciso alguma atenção a comprar peixe no mercado.
A carne vende-se essencialmente temperada ou marinada.
Os vegetais são bons.Vejo muitos vegetais espanhóis à venda.. Pergunto-me que anda Portugal a fazer...
A maior parte da fruta é importada e os ananases que provei não souberam a nada.
Tenho saudades de comer uma simples gelatina (aqui são muito açucaradas) ou um queijo amanteigado, beber uma água decente, um copo de Moscatel ou de Vinho do Porto (só encontrei duas marcas deste último e a preços exorbitantes)...

Tenho saudades de ler jornais portugueses...

No Inverno, por aqui, é preciso correr contra-relógio quando se tem voltas a dar na rua - do centro de saúde para a farmácia, desta para os correios e para a papelaria, do pronto-a-vestir para o supermercado, da seguradora para a câmara -, antes que seja 16h30, porque será noite, estará muito frio, Almere é muito ventosa, e já não dá para estar na rua.

E os impostos? Ui! Que tal receber duas facturas de 290 euros cada, uma relativa aos lixos, outra relativa aos diques, canais e esgotos.

E o que eu ando passada com a comichão no corpo por causa de algum componente químico da água a que não estou habituada....nem vos digo, nem vos conto!

Mas depois, há aquele mundo ao contrário que eu adoro, me surpreende e encanta. :-)

Jantar no Bazar, restaurante árabe numa antiga sinagoga? Só mesmo em Amesterdão...

Caminharmos pela Albert Cuypstraat, em Amesterdão, e sermos surpreendidos por garças...Sim, garças, como na Reserva Natural do Estuário do Tejo...

Passear pelas ruas típicas de Zaanse Schans e os patos virem ter connosco...

Sentir-me sem respiração pela união entre o mar e o céu, em tons laranja, e nós naquela faixa estreita, ali no meio do dique que une Marken e o continente...

Ir à Blokker comprar um carrinho de praça e a senhora dizer-me que estará em promoção daí a duas semanas e perguntar-me se não prefiro comprar nessa altura! Estas atitudes de proactividade, honestidade, atenção e confiança no retorno do cliente, deixam-me embasbacada!

Aceitarem muito bem notas de dez ou vinte euros, quando não tenho trocos!

Encontrar postais lindíssimos nas papelarias!

Lojas de antiguidades e de fadinhas!

Ouvir aquele "Dank u well" (Muito Obrigado) olhos nos olhos e cantado...


Mas...

Conseguir uma consulta de ginecologia no hospital em três dias e virem à sala de espera oferecer um café ou um chá....

ou, não me deixarem ir à casa de banho do VD em Roterdão, depois de ter subido 3 andares, porque me esqueci de trazer os 25 cêntimos para pagar...

ou deparar-me com a roupa congelada na varanda...

Estes cúmulos só mesmo ao som dos Xutos e Pontapés!

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