Wednesday 5 August 2015

Zé Manel's Sardines


...que é como quem diz, as Sardinhas do Zé Manel.

Sabem aqueles dias bons, que estamos mais preguiçosos, sem vontade de ir para a cozinha preparar o jantar e só apetece petiscar uma coisa mais simples, no final da tarde? Anteontem, foi um desses dias. Ora, nada mais fácil que compor pratinhos de conservas várias: polvo, cavala, sardinhas. Junte-se outro com raia em molho de tomate que sobrou de véspera e um pires com rodelas de ovos cozidos e temos um jantarinho leve, saboroso, simples e descontraído.

Estas últimas sardinhas foram muito especiais. Chamam-se nada mais, nada menos que "Zé Manel's Sardines" (para os leitores de cá: encontrei-as no Ekoplaza, o supermercado de produtos biológicos) e são portuguesas, claro.

Quando vi a embalagem da Fish Tales , achei-lhe imensa graça, com a fotografia do próprio Zé Manel e um pequeno texto a acompanhar, a contar quem ele é. Ao ler que se tratava de um pescador da Póvoa de Varzim, não pude de deixar de soltar um "Ah! Mas isto é a terra do meu Amigo APS!!" (não estou enganada, pois não, APS?). Mas que coincidência gira, pensei...O mundo, realmente, é um ovo...Vai na volta, ainda se conhecem, sei lá..., continuei eu a pensar cá com os meus botões...


Eis o texto no verso da embalagem e a respectiva tradução em português:

Zé Manel is een Portugese sardine visser in hart en nieren. Net als zijn vader, grootvader en zijn drie broers. De vis van hun boot, "Deus não falte!" (Moge god ons bijstaan), staat bekend als één van de beste van de Noordkust van Portugal. Aan het begin van de avond varen de vissers de haven van het Póvoa do Varzim uit om dicht op de kust hun netten uit te grooien op zoek naar de lekkerste sardines."

" O Zé Manel é um pescador português de sardinhas, de alma e coração. Tal como o seu pai, o seu avô e os seus três irmãos. O peixe do seu barco, "Deus não falte!", é conhecido como um dos melhores da costa norte portuguesa. Ao anoitecer, os barcos dos pescadores largam o cais da Póvoa de Varzim para cobrir a costa com as suas redes, em busca das sardinhas mais saborosas..."

É tão bom descobrir coisas nossas por cá e a forma como a Fish Tales apresenta os seus fornecedores faz-nos sentir mais próximos de quem abastece a nossa casa - é como se o Zé Manel fosse o meu pescador pessoal (e eu já tive um, aqui há uns anos, a quem comprava o peixe que entrava na minha casa).

12 comments:

APS said...

Na verdade, nasci oficialmente em Coimbra, cidade de que nunca gostei. Vim um pouco antes do tempo, dai ter vindo à luz, de forma extraordinária e bizarra, no "Coimbra Hotel" - deve haver muito pouca gente a nascer assim, pomposamente, num Hotel... Guimarães e a Póvoa foram as minhas "pátrias" de afecto, por escolha pessoal. A primeira, onde passei os meus primeiros 17 anos de vida; e a Póvoa de Varzim, onde eu passava o mês Agosto e donde era natural um Tio, por afinidade, que foi uma referência na minha vida.
Este Zé Manel, não o conheci (e não será, o nome, uma piscadela ao Barroso português, da UE?!), que os pescadores poveiros tinham nomes, ou apelidos, mais exóticos: da Hora, Mouco, Frasco...
Seja como for, gostei muito do seu poste. E por várias razões.
Um bom dia!..:-)

Presépio no Canal said...

Que gira a história do Hotel, APS! Assim, de repente, só me lembro de outra - a do Princípe Alexandre da Jugoslávia, que nasceu no Claridge's Hotel em Londres.
Os nomes/apelidos dos pescadores são engraçados. Será que há algum livro com a história desses pescadores e que explique a origem das alcunhas? Seria interessante.
Nunca fui à Póvoa; é uma falta a corrigir, sem dúvida.
Obrigada também por clarificar a sua ligação à Póvoa.
Que bom que gostou do post!
Bom dia!! :-)

APS said...

Dos poveiros, creio que muitas das alcunhas passaram a nomes ou apelidos, tal como aconteceu no Alentejo. E as tradições da Póvoa de Varzim, por uma mescla de influências (árabes, celtas, nórdicas - de piratas, principalmente), são muito ricas e diversificadas. Por exemplo, as siglas rústicas, gravadas na proa dos barcos, que indiciam os "clãs" a que pertencem.
Quanto a visitar a Póvoa, não recomendo, especialmente. Está muito descaracterizada, sobretudo à beira-mar - parece o Algarve, com mais vento... Há um ou outro recanto interior, da antiga Vila, ainda bonito, mas raro.
Uma boa noite!

Presépio no Canal said...

O pormenor da proas dos barcos é muito interessante.
Obrigada, APS, por mais este registo.
Uma boa noite para si, também!

Os olhares da Gracinha! said...

Não conheço mas sardinha em lata é uma delícia! Bj

Presépio no Canal said...

É como gosto mais da sardinha, Graça. :-) Sabe tão bem...
Bj

João Menéres said...

Depois do teu comentário de hoje no GRIFO PLANANTE, claro que tinha que vir ler a história do ZÉ MANEL !
E o teu amigo APS só confirma a minha postagem de hoje !
Fiquei muito contente !

Um beijo grande.

Presépio no Canal said...

Querido João, Quando vi a tua árvore no GRIFO, até fiquei arrepiada com a coincidência. Se puderes e quiseres, podes fotografar, para mim (gostava de ver), a proa de um barco com a sigla a indicar o clã a que pertence? Não te sintas obrigado a fazê-lo. Estás de férias e respeito isso. :-) Mas que fiquei curiosa, fiquei...:-))
Beijinho grande e continuação de boas férias, bem repousantes. Bjs :-)

Sami said...

Interessante a historia do "Ze Manel" na embalagem de sardinhas, realmente faz-nos sentir mais perto do pescador.
Aqui em Perth tambem compro sardinhas Portuguesas mas nunca encontrei essa marca.

Presépio no Canal said...

Sami, também foi a primeira vez. Gosto do nome da marca e vou experimentar outras coisas, de certeza. Se encontrar, por aí, depois diga se gostou. ;-) xoxo

ana said...

Que maravilha, Sandra.
Alegro-me quando vejo lá fora apontamentos tão bons do nosso país.
Obrigada por teres partilhado.
Tenho andado em limpezas de Verão profundas. :( Mas é necessário.
Beijinhos.:))

Presépio no Canal said...

E já vi que tens encontrado livros bem giros nas tuas limpezas de Verão...;-)
Cá, fazemos na Primavera, antes da Páscoa e do Dia do Rei. Neste dia, é habitual ir vender a tralha para a rua. No meu caso, dou a instituições de caridade (costumam vir cá com a carrinha) ou a amigos. Há um mês, dei uma caixa cheia de livros infantis em Português a uma amiga que tem miúdos pequenos e vive em A`dam.
Beijinhos!!